9 de outubro de 2007

MADAME V.

"As aventuras amorasas de Mr R"
Madame V.
Retornei ao meu lugar calmamente, um sorriso (malicoso) debochado, creio que seja a palavra correta, invadiu meu rosto. Pedi outra dose de conhaque. Meus pensamentos eclodiam a cada gole. Permaneci ali estático, a minha frente uma moça jovem exibia suas curvas, dançava freneticamente em cima do palco. Pedia para ser devorada aquela noite, suplicava pelos olhares masculinos.

Continuei sentando, ouvindo meus pensamentos que se confundiam com a música alta. Ela desceu do palco, desviou dos cachorros extasiados, buscava a porta de entrada do camarim do salão. Passou ao meu lado. Segurei seu braço. Puxei seu corpo de encontro ao meu. Beijei a intensamente. Ela esboçou uma reação. Apertei com força seu braço. Beijei-a com mais vontade. Atenderia o seu pedido aquela noite, a devoraria.

Não sei como cheguei em casa, mas o sol se encarregou de me acordar, o relógio marcava 13:00 horas. Uma hora da tarde, minha cabeça doía. Estava nu e as marcas de unha nas minhas costas denunciavam a noite anterior.
Quem foi que acendeu o sol?
Diminuía o volume. Por favor!
No banheiro lavei meu rosto, olhei novamente minhas costas, agradeci ao meu amigo e tive a certeza que não foi um sonho. Água e resto de comida mofada era o que tinha na geladeira, o jeito seria comer fora mais uma vez. Ah conhaque! O que seria de mim sem você? Me servi generosamente. Observava a rua da janela da minha sala. Ah! Avenida Paulista um pequeno retrato de São Paulo. Alguns escritórios já começavam a se instalar por aqui, os transeuntes desbravavam apressadamente de um lado para o outro. Quinta feira eles imersos em suas responsabilidades e eu ainda nu na sala de casa. Viva a boa alma do meu tio! Viva!
Que noite!
Aquela dançarina com certeza não sairia dos meus mais puros e futuros desejos.
Contudo meu primeiro encontro ainda teimava em aparecer em flash’s na minha cabeça.
Viva a vida!
Um brinde a quinta feira!
O que mais eu posso querer?!
Viva!
Masturbei-me tentando lembrar da noite anterior e acabei pegando no sono.


Ajeitei a camisa, chapéu na cabeça, olhei no espelho e coloquei-me a caminho do meu novo único destino “O Súbita”. Já eram 23:00 horas, como dormi bem! O cenário da caminhada: Néons, prédios, árvores, prostitutas, céu nublado, vento fraco, prostitutas, néons, bêbados caídos, calhambeques vistosos, casas, casas e mais casas, descer a Augusta era como um ritual caminhava devagar, observava, absorvia cada pequeno.

- Boa noite R
- Buenas Chico
- ¿ O que desea ?
- Uma botella de conhaque!
- ¿ Alguna chica nueva ?
- No!
- Isso daqui não muda nunca!
- Perguntaram por você hoje
- Quem?
- Não sei
- Como você não sabe?!!!
- Não sabendo! Ela veio até aqui...
- Ela!!!
- Isso ela veio até aqui e perguntou sobre o homem da noite anterior que estava sentando nesse mesmo lugar.
- Quem era ela? Deixou nome? Um cartão? Algum bilhete?
- Olha ela ali!
- Onde?
- Ali!
- Onde?
- Em cima do palco dançando!
- Ela!
- Sim ela!
- Quer gelo?
- Não! Ela trabalha aqui e você não sabe quem é ela! Cada uma! Mais alguém perguntou por mim?
- Não! Pelo menos, não pra mim.
- Alguém diferente no bar?
- Acho que não.
- Não! Não mesmo!
- Ah!
- Ah, o que?
- Aquela moça que estava com você ontem esteve aqui.
- Esteve?
- Você é surdo?
- Surdo? Eu? Por quê?
- Fica perguntando por uma coisa que eu acabei de falar, parece doido. Sim, ela! Ela esteve, sentou tomou alguma coisa esperou por alguém e foi embora.
- Não acredito!
- Vai tomar uma garrafa sozinho?
- A que horas ela esteve aqui?
- Por volta das 9:00.
- Sim vou tomar a garrafa.

A partir daquele momento não consegui diferenciar uma única vogal, pra mim todas as palavras tornaram-se inaudíveis. Ela havia voltado e isso era a única coisa que me interessava. Amanha! Amanha a encontrarei novamente. Restava apenas me divertir um pouco mais naquela noite. Não preciso nem dizer quem será minha companheira nesta noite.