9 de janeiro de 2008

# MADAVE V

As aventuras amorosas de Mr. R

Madame V

Permanecemos inertes por alguns longos minutos. O silêncio brigava com a arritmia desenfreada dos meus batimentos. Não era necessário dizer nada. Gozávamos da presença um do outro imersos cada qual o seu mundo de pensamentos, eu queria não pensar, mas não conseguia. Deitei na cama procurando relaxar o corpo exausto, não quis esconder minha euforia meu sorriso teimava em brigar com minha face, ah o prazer do coito.

Ela debruçou sobre mim, sua cabeça em meu peito, sua pele quente em contato direto com a minha, seu braço me abraçava e sua mão acarinhava minha cabeça. Alisei carinhosamente meu cabelo, fiquei brincando com ele, enrolava suas pontas entre meus dedos, por vezes ela me olhava, sorria e beijava meu peito. Sentia minha barriga formigar, uma sensação gostosa vibrava por cada parte do meu corpo. Entrelacei seus dedos aos meus, levei as costas da sua mão a minha boca e a beijei por instantes fiquei olhando nossas mãos unidas. Uma sensação de calma me tomou por inteiro, permaneceria ali por mais 200 anos.

O cenário perfeito, ao fundo um ruído baixo vinha da vitrola era a agulha que arranhava o ultimo sulco o vinil pedindo que fosse virado o lado do disco para que mais uma vez ele pudesse ressoar. As chamas das velas trepidavam valsando no ar, ora pra esquerda, ora pra direita, em alguns momentos um feixe longo se estendia desenhado sombras imensas na parede, os poucos objetos ganhavam novos contornos. Me lembrei do vinho. Levantei servir duas taças e voltei à cama. Agora me aprumei na cabeceira da cama a observava deitada de bruço, seus contornos ficavam ainda mais lindos a luz de vela. De olhos fechados e com as mãos soltas no ar fui desenhando suas curvas, pude sentir o toque em sua pele novamente, deslizando por seu corpo. Sugado novamente a realidade senti o toque do seu corpo no meu, ela levantara e se sentou comigo, suas costas em contato com meu peito, ela ajeitou o cabelo evidenciando seu pescoço a minha frente, o beijei, soprei baixinho algumas taras em seu ouvido, V se virou procurando minha boca, a beijei, após um beijo longo e goles de vinho, a abracei cruzando meus braços por entre o seus e trocamos nossas primeiras palavras naquela tarde.

- Por que não ficamos juntos no nosso primeiro encontro?
- Essa e a mesma pergunta que estou me fazendo? Você não teria a resposta?
- Deveríamos ter nos encontrado a muito tempo. Mas agora sou uma mulher casada e isso não pode continuar, se tivéssemos ficado juntos naquela época talvez a história agora fosse diferente.
- Não ficamos porque você não quis!
- Eu não quis?
- Lógico. Lembro de cada detalhe do nosso primeiro encontro. Súbita. Estava entregue aos meus pensamentos quando você chegou maliciosa e puxando assunto comigo.
- Não me lembro de nada disso. Lembro. Você olhando para mim como se eu fosse a ultima mulher do mundo.
- Olhava para um ponto cego, meus pensamentos não me deixavam ver nada o meu redor, você que me trouxe de volta a realidade. Confesso. Seu joguinho de sedução me deixou louco.
- Mentira.
- Você me olhava com ar de depravação, no mínimo pensava que eu fosse uma nova garota do Súbita.
- Enfim!
- Nos beijamos e você saiu correndo, disparei atrás de você, mas fui barrado por um dos seguranças, quando consegui sair. Não te vi mais.
- lembro o beijo.
- Sim, lembrei porque corri. Naquela noite estava confusa havia brigado com meu noivo, faltou muito pouco pra ele me agredir, fui tomada por uma fúria que desconhecia, minhas idéias estavam baralhadas. Pensei em desistir, jogar tudo pro alto, não quis mais viver, só queria correr, minhas pernas me guiaram até aquele lugar. Na porta vi as pessoas que entravam e saiam rindo, felizes, bêbados. As pessoas eram homens senti inveja daquela felicidade, a queria pra mim. Quando alguém cruzava a porta ouvia a música que tocava, pensei, ali seria meu refugio, também queria experimentar aquela felicidade, mas vocês homens sempre ligados ao sexo. Só pensam em coito, vivem felizes só por gozar, não importa quem, não importa como, não importa onde.
- É...
- Nem pensem em argumentar.
- Dê a um homem a atenção que sua mãe lhe reserva. Seja ama, lave, passe, cozinhe e durante a noite abra as pernas para que vocês possam se divertir e pronto, esse homem estará sobre controle pro resto da vida. Minto. Ele procurará outra mulher que conheça outros truques sexuais.
- Bem...
- Pode poupar o discurso!
- Então posso dizer que você é mulher que pensa como um homem, ou, porque estaria essa tarde aqui? Afinal não veio aqui atrás digamos desses outros truques sexuais, já sei seu casamento anda muito bem? Não é verdade?
- Não quero falar desse assunto.
- Você estava lá sentado indiferente a tudo que acontecia, não dava a mínima por sexo explicito, as mulheres nuas dançando, indiferente aos bêbados chatos, você me chamou a atenção.
- Então você admite!?!
- Resolvi sentar do seu lado e conversar um pouco, pensei, quem sabe o louco solitário não seja suicida e não queria companhia pra morte. Quando dei por mim, nos beijávamos, por impulso corri, me senti suja, só pensei só consegui só quis correr.
- Não lembro o que pensava muito menos o que acontecia comigo naquele momento, só lembro de querer você novamente. Aquele beijo. Te procurei, retornei incontáveis vezes ao Súbita e nenhum sinal, até que nos encontramos naquela esquina e depois no Jóquei e cá estamos, entrelaçados, suados, sujos, nus, pensei que esse dia não chegaria, desisti de você. Mas...

Não contive meu ímpeto e a beijei novamente, de frente pra mim foi sua vez de me beijar. Ela me beijava insanamente como se do lado de fora do quarto caíssem meteoros flamejantes do céu, seu apetite pela minha boca era voraz, ela me devoraria naquele momento caso fosse os últimos minutos de nossa vida. V me apertava com força contra a cabeceira da cama, eu sentia suas unhas penetrarem minha pele, cada mordida forte na minha orelha, chupava meus mamilos, apertava seus corpo contra o meu, nos entregamos mais uma vez ao sexo desenfreado.

Deitado na cama sem energias com os olhos semi-serrados a vi se levantar da cama. Nunca imaginei que apreciar uma mulher se vestindo seria tão prazeroso quanto despi-la. A atmosfera criada pelo vinho, velas, rosas e tangos criadas naquela tarde proporcionou essa cena que com certeza não esquecerei. Sua penumbra contornada pela luz fraca, sua voz rouca cantarolando baixinho, seus movimentos ao se vestir, cada braço esticado, abaixar para ajeitar o vestido, o balançar dos quadris a cada passo pelo quarto, tudo cadenciado ao som de Piazzola, o cheiro de sexo invadia com fúria minhas narinas e me excitava cada vez mais estava pronto para mais uma vez.

V se aproximou e me beijou pela ultima vez naquela tarde, tive vontade de rasgar sua roupa e segura-la em meus braços, mas o adiantado a hora e lembrança que seu marido a esperava em casa aquela noite fez eu conter meus impulsos. Ela se despediu e da porta de quarto me atirou um beijo. Deitado me deixei vencer pelo sono.

continua...
(ps: vou matar a V, o texto que ta dando cria!!!)