29 de maio de 2007

# O DIÁRIO DE R

As aventuras amorosas de Mr R
# O DIÁRIO DE R

Algum dia de 2006

Minha história nem foi, nem será a mais bonita, mas a primeira linha do livro que prometi escrever começaria da seguinte forma:

"EU pensei que contos da fadas não existissem, até viver UM"
Os nomes dos personagens não precisam ser ditos, sua fisionomia muito menos, características temperamentais não interessam. Mas os mundos com certeza esses sim conduziriam o enredo.
Tudo aconteceu há alguns anos atrás e ainda não sei porque sempre me pego repensando e remoendo esssa história. Além dos amigos acho que você é unico que pode compreender. Por isso gosto de papel, você aceita tudo.

Conhecemos-nos de uma maneira pouco convencional.
Era só pra ser uma brincadeira.
Uma reposta mal criada. Uma viagem adiada. E tudo por quê? Por causa daquela musica descrita abaixo, ou melhor cantada de maneira desafinada e roca; teria tal música tamanho poder? Também pensei que não! mas até hoje é trilha sonora dos momentos mais intensos vividos por duas pessoas.

Ah, essa música

"Seu cheiro em outra pessoa e o meu pensamento em você impossivel te esquecer"

Tudo aconteceu rápido de mais.
O envolvimento, a paixão, as brigas, o preconceito tudo acabou rápido de mais.
Restaram apenas as lembranças, até um dia desses esquecidos e revividos pela tal música tocada despretensiosamente em uma estação de rádio qualquer.

"Quisera perder de vista não deixar rastro nem pista somente o tempo ira te encontrar"

Algumas perguntas vêm a minha cabeça:
Onde esta? Como esta? Será que nos veremos?

Nos completávamos, as horas voavam, o mundo parava.
TELEPATIA! Não adivinhamos pensamentos, mas sabíamos quando um precisava do outro. Os beijos eram longos e demorados, os carinhos sentidos a flor da pele, sua respiração ofegante, sua voz no meu ouvido, as palavras sempre cuidadas.

As vezes quando escuto essa música e um mundo de lembranças invadem os pensamentos me pergunto se tudo aconteceu. Até que vejo aquele casal de velhinhos sentados em um banco de praça alimentando pombos e tenho certeza que foi real. Retratando um dos planos discutidos pelos apaiaxonados, congelados pela resina do amor sonhado.


A dor foi real, as lágrimas, a decpeção, a revolta, o coração dolorido, trincado, destruido!
FOI REAL
Me preparei pro fim.
Mas nunca pra aquele fim.
Algumas palavras ainda ecoam.
E tudo acabou.

"Mas não vou te procurar, acho que não adianta correr atras desse amor"

Contos de fadas sim! Com direito a Era uma vez, personagens, antagonistas, conflito, plot points, resolução e moral da história no final . Mas diferente dos livros, viver felizes para sempre, nem sempre implica em viverem juntos para sempre.
Mas o final pode ser feliz assim mesmo.

Moral da história e qual é a história?

Você meu amigo deve estar se perguntando, alias tem alguns outros trechos dessa história reportados em páginas anteriores, você acompanhou tudo, não criticou, não me chamou de louco, não deu força, não incentivou, apenas me ouviu!

"O cheiro do seu perfume resto de uma saudade louca saudade de ver"

O que restou?
Ótimas lembranças! Amizade incondicional!
Uma história incomum e algumas lições e o meu conto de fadas.

Se continuo apaixonado? Não. Apenas nostalgia.
Se ainda nos falamos? Já não sei mais, talvez sim, talvez não.
Que merda de história é essa?
Mais detalhes? Algum dia eu conto.
Uma palavra? Telefone.

"o meu pensamento em você impossível te esquecer MEU AMOR"

23 de maio de 2007

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS
As aventuras amoras de Mr R

Logo R aprenderá que somente um dia após o outro é capaz de resolver alguns problemas, principalmente os sentimentais. O dia seguinte a negativa de tão aguardado beijo pareceu ser o pior deles, R não queria sair de casa, um misto de vergonha e covardia lhe tomavam os pensamentos. Porém o que realmente o incomodará não era o sonoro não que ainda ecoava na sua cabeça, e sim a lembrança de ter corrido da situação. Covarde, covarde, covarde, covarde, covarde ele repetia a si mesmo. R imaginará que tal fato, o descrendenciaria a possível morador do coração de L. Qual a menina que ficaria com um menino que corre dos seus problemas. Mulher gosta do cara que a agarra com força a toma nos braços e a beija inclinada como nas cenas de cinema.

Decidido a não colocar os pés na rua nos próximos dias R zapeava os canais de televisão, entre um comercial e outro, ele levantava observava o movimento e voltava para o sofá, numa dessas subidas M.C o pega desprevenido e ainda sem graça R não conseguiu fugir do amigo sorridente.

(“Por que as pessoas sorriem tanto”)

Vai sair não?
Sair pra onde?
Pra rua ué?
Agente ta lá no campinho jogando bola!
To afim não.
Vamo lá! Ta faltando goleiro.
Ah veio me chamar só por que ta faltando um.
Não, claro que não! Você é o melhor goleiro do campinho.
Nem adianta puxar o saco!
É sério, vamos lá. Vai ficar o dia todo dentro de casa.
Não quero sair.
Por que?
Porque não!
Por causa de ontem?
O que que tem ontem?
Por causa da brincadeira!
Brincadeira, que brincadeira?
A do beijo!
Que beijo!
O que você num deu CARAMBA!
Não lembro de brincadeira nenhuma.
Para de graça.
Você que não quis beijar ela.
Eu que não quis! TA MALUCO!!!
É você não quis!
EU NÃO QUIS! Ce ta brincando comigo!
To não! É sério!
Como assim?
Cara se acha que você ia pedir um beijo pra ela, e ela ia fechar os olhos e ia sair correndo te beijando.
É!
Claro que não idiota, ela disse não dizendo sim.
NÃO dizendo SIM! Pra mim não é não e sim é sim. Simples não tem NÃO que é SIM e SIM que é NÃO.
Ela ta fazendo charme. Disse não, querendo dizer sim! Mas você saiu correndo! VACILÃO. Agora vai saber quando você vai ter uma oportunidade dessa.
Mais.
Mais nada, mulher é tudo assim, elas ficam esperando que você insista, que você repare, que você elogie, que você galanteie, elas dizem não dizendo sim.
O muleque ta querendo me ensinar sobre as mulheres é, você já beijou quantas pra ta me dizendo essas coisas?
Eu sei! Tenho duas irmãs e por conseqüência um monte de meninas ficam o dia inteiro fofocando na minha casa. Eu finjo que to vendo TV e fico ouvindo tudo, anotando minhas táticas.
Caramba! Então ela queria me beijar!
Queria.
Mas agora não quer mais.
Não quer mais?! Mais não quer mais querendo?!
Não quer não querendo!
Caramba! Como assim? Ué, você saiu correndo, agora ela te acha um idiota!
Ela te disse? Você ouviu ela dizendo?
Não me disse e não ouvi ela dizendo nada! Mas não quero um cunhado que sai correndo por ai. Vai jogar bola? Ou vai ficar ai escondido?

16 de maio de 2007

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS...

Não foi dessa vez que o primeiro beijo de R aconteceu. Mas a sensação do que quase beijo ficou nos pensamentos do rapaz por alguns dias. Os comentários dos amigos não o deixa esquecer também.

Por que não foi?
Porque não, oras!
Mas tava quase indo.
Mas num foi!
Por que não foi?
Já falei que porque não caramba!
Mas devia ter ido.
Mas num foi!
Mas o que aconteceu?
Num aconteceu.
Se preocupa não sábado que vem tem bailinho de novo.
Tem mesmo?
Tem sim, enquanto você não beijou o Jr, beijou.
Ele beijou quem?
Beijou a C.
Mas você num beijou!
Não precisa ficar lembrando toda hora também.
Mas sábado se beija!
Por que só sábado?
Porque só vai ter bailinho no sábado!
CARALHO!!!!
Mas sábado eu vou pra casa.
Fazer o que na sua casa?
Ué, minha mãe mandou eu ir pra casa, vai saber o que eu vou fazer em casa!
Agente dá um jeito então.
Dá um jeito pra quê?
Pra você beijar!
Mas por que eu?
Porque todo mundo já beijou!
TODO MUNDO?
Se ta mentindo!?
To nada, até eu já beijei!
QUEM!?
Você não conhece, é la da escola!
BEJO NADA!?
BEIJEI SIM!!!
BEJO NADA!? Fala o nome dela então!!!!
Num preciso falar, você não conhece, e quem não beijou foi você.

Como assim todo mundo já beijou indaga a sí mesmo. Não é verdade. Nem ligo é só um beijo mesmo!

A noite não foi a mais tranqüila pra R, entre intervalo de um sonho e outro, boca, bocas, bocões, boquinhas, bencinhos, risadas, dedos apontados, estalos de beijos, casais enamorados, olhos apaixonados, mãos dadas, beijocas, beijoqueiras, até mesmo o amigo mais feinho do mundo inteiro, estava lá, abraçado a alguém trocando beijos. Maldito primeiro beijo!

Lá estava R, tentando não admitir que essa história de primeiro beijo não o incomodava. Engano-seu! O incomodava e muito!

Ele tentou não dar muita atenção para o quase primeiro beijo, mas tinha um caminho com uma menina, e ela era amiga de R, e também quase participará do primeiro beijo.

Oi!
Oi!
Tudo bem?
Tudo!
Foi legal o baile!
Foi!
Até que você num dança mal!
Baile idiota!
O que?
Ah! Uhum! O que, o que? Ah! Shi, é tosse tosse, então, Sim, uhum hum! Nada não, pensei alto!
Pensou o que?
Pensei, quem disse que eu pensei?
Você!?
Não, não, num pensei não, engano seu!
Ah, ta!
Você vem sábado?
Venho? Venho onde?
No baile o cabeçudo? Ta com a cabeça longe é? Ta pensando no que?
No beijo!
O que?
É, então, sim, é, pensando, ahammm, cabeça? Uhumm! Você me chamou de cabeçudo foi?
Não muda de assunto! O que disse?
Eu disse nada. Disse que sábado não vai dar, vou ter que ir pra casa.
Mas e o beijo?
Beijo? Que beijo? Olha a pipa!!! E correu olhando pro alto e deixando aquela conversa para trás.

Passado duas semanas, lá estava R, com sua inseparável mochila cinza e preta nas costas, algumas cuecas, alguns shorts, camisetas e ansioso pelas brincadeiras na casa da avó. Mas não eram as brincadeiras que faziam o corpo de R tremer de excitação com as ruas que ficavam pra trás. Lá ele encontraria novamente com ela. O beijo nem importava tanto, mas estar perto dela, ouvir ela reclamando de tudo, brigando com todo mundo, querendo jogar futebol com os meninos, e fazendo cara de brava por que eles não deixavam era tudo que R queria ver. Sem perceber esse foi o primeiro amor de R.

Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
Ow Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!
Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
Fala!
Vamo pro campinho!
Faze?
Vamo pro campinho, o Jr falo que tem uma brincadeira nova pra gente!
Num quero!
Ele disse que é pra você ih!
Mas to vendo TV.
Desliga vamo pro campinho, se sabe que as brincadeiras do Jr, são sempre legais!

(Jr era o mais velho da turma, já estava na 6º série, era grandão e sabia das coisas. Ele era legal porque sempre defendia agente do pessoal da rua de baixo. E era um amigão também, um cara que dava pra confiar)

Caramba! Pensei que não você não vinha!

Sem entender muito bem, R estava ao lado de outros meninos todos perfilados e com um sorrizinho malicioso no rosto. Distante dali estavam o grupo das meninas, todas sentadas observando a brincadeira. Por algum motivo, R percebeu que só ele não tinha brincado daquilo até então. Jr fechava os olhos da H e apontava para os rapazes.

Esse?
Não
Esse?
Não
É esse?
Não
Então é esse?
Também não!
É esse?
É!
O que você quer?
Passeio no bosque!

?Passeio no bosque? Que diabos é isso? Aqui nem tem bosque!

H fez cara de quem não gostou muito da escolha, ela tinha pego o F, um cara legal, mas baixinho e gordinho. Logo estavam os dois de mão dada andando pelo campinho como se tivessem passeando pelo bosque.

Mas que coisa mais sem graça!

Agora é a vez das meninas!

RO, vem pra cá, você que vai escolher a sortuda, falava Jr para o RO.

E a brincadeira eram assim:
Beijo (beijo no rosto)
Abraço (abraço de dois minutos)
Aperto de mão (apertão de mão mesmo)
Passeio no bosque (ficar andando por um canto pelo tempo que acharem legal)


Logo a brincadeira estava se tornando tediosa! Passeio no bosque não era a coisa mais interessante do mundo e quem R gostaria que estivesse participando tinha ido ao dentista naquela tarde.

Sábio Jr! Havia guardado o melhor da brincadeira para mais tarde.

De repente a calma do campinho foi interrompida com a chegada de MC, C e ela! L, todos muito alegres, sorridentes. Com o coração na boca R observava ela vindo em sua direção, linda, sorridente, balançando o cabelo para lá e para cá.

Que bom que vocês chegaram!
Tão brincando do que?
Sei não.
Só sei que tem que levar pra passear no bosque!
Ah!
Até que legal!
Agente pode andar de mão dada (era o que R mais queria)
Eu e você?
Não, é, sim, então, simmm, shi, é mesmo, na brincadeira, na brincadeira, quis dizer na brincadeira.
Então vamos brincar.

A brincadeira é a mesma! Só que vamos melhorar ela um pouco.
Ah! Como?

Agora é assim:
Pêra (abraço)
Uva (beijo no rosto)
Maça (beijo selinho)
Salada mista (beijo de língua)

Mais animado do que nunca estavam todos perfilados novamente, agora meninos e meninas um do lado do outro, intercalados. Jr tomava cuidado para pular o sexo oposto. E apontava para o outro seguido da pergunta: É esse? Sim? Pêra? Uva? Maça? Salada Mista? Sempre que o dedo era apontado para L, R torcia para que a resposta fosse negativa e aguardava ansioso para sua vez de escolher a vitima do seu primeiro beijo!

A vez de R chegou, de olhos cobertos, ele ouvia os risinhos de todos e o é esse que Jr repetia, ele tinha marcado bem a posição da L, e após contar as negativas, chegou a hora.

É essa?
Sim
O que você quer?
Uva!

Quando abriu o olho la estava G. A menina mais feia de todo o quarteirão. Que sorria para R, como se tivesse ganhando um pacote de balas juquinha e o troco do super mercado. Com a cara mais descontente do mundo e aos gritos de beija, beija, beija a menina fazia um certo charme de quem não quer, querendo o beijo já anunciado. O consolo de R, fora a escolha do uva, que o sentenciava apenas para o beijo no rosto!

Smack!

E assim foi o beijo no rosto de G. Se existisse um campeonato de quem desse o beijo no rosto mais rápido do mundo. R o ganharia. Já era possível ver ele pulando e comemorando com a medalha no peito. A técnica da vitória é pensar na G, não tem como alguém dar um beijo com mais de 1 segundo no rosto dela, repetia contente para os repórteres.

De volta a realidade estavam eles perfilados novamente. R, RO, MC, D, C, A, CL no time dos homens, L, C, H, G, A, V, VA, D no time das meninas. Agora era a vez da L escolher o sortudo que poderia ganhar o prêmio máximo: A SALADA MISTA,

Esse nome deve ter sido escolhido, porque deve ficar tudo misturado na hora do beijo, a língua, a baba, os sentimentos. Pensava R

Sim! Sim, sim o que? Eu? Eu o que? Escolhido? Escolhido pela L? Eu? EU? O que? UVA? (Uva é o que mesmo) E de repente um beijo.

Um beijo quente, rápido e capaz de deixar R mais vermelho que pimentão da feira!

Assim se seguiu a brincadeira. Mais animado e feliz com por ter sido escolhido. Nosso pequeno herói combinou uma tática com JR, ele faria uma pequena pressão nos olhos de R quando ele passasse pela L. Plano armado!

Sim! É essa! Maça!

Vermelha, sem graça e com um sorriso tímido, L tentava esconder o rosto entre o cabelo, mas R estava confiante, ela não recusaria o beijo de R. Ele de frente pra ela, ela olhando pra ele, vento assobiando o mato em volta do campinho, o sorriso maldoso de todo mundo em volta, os gritos de beija, beija, beija mais entusiasmado. Boca, olhos na boca, R só tinha olhos para a boca, pequena, com um batom rosa clarinho, ele ia se aproximando devagar, boca, olhos semi abertos, boca, L, R, boca, R, L, boca, coração acelerado, R, boca, L, boca, respiração, R L, boca, boca, boca, e beijo! Quente, molhado e rápido, uma fração de segundos de um lábio encostado no outro, os milionésimos de segundos mais demorados do mundo.

Enfim o primeiro beijo de R. Para ser mais exato os 41 primeiros beijos maças de R, entre apertões, assobios, empurrões, pisões no pé, catucadas, tosses, aconteceram os 41 primeiros beijos de R. Assim como fogo em mato seco, a noticia dos 41 se espalharia com menos rapidez que:

É essa?
Sim!
O que você quer?
Pêra? Uva? Maça? Salada mista?

"SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA, SALADA MISTA"

Finalmente o primeiro beijo!

Isso! Salada Mista!

Tudo pronto! Mãos suando, pernas fracas, pensamentos confusos, barulhos surdos no ouvido, o tempo girando devagar. L estava mais linda do que nunca naquela tarde, estava com um vestido vermelho até o joelho, os cabelos castanhos soltos, o rosto levemente rosado. R segurou a mão de L, que também tremia de ansiedade, o nervosismo era visto no rosto do dois, os olhares sem graça e cúmplice não desviam por nenhum momento. R começava a se aproximar de L, devagar, na cabeça um turbilhão de pensamentos, aquela boca que habitava seus sonhos estava cada vez mais próxima.

Não!
Não?
Não!
Não o que?
Eu não quero!
Não quer?
Não, não quero! Não quero! NÃO QUERO!
Por que?
NÃO! Me solta!
O que?
Não quero!

Um misto de vergonha e tristeza percorria todo o corpo de R, ele não entendia nada o que estava acontecendo, só conseguia lembrar dos outros 41 beijos, como ela não poderia correr. O fora anunciado por ela, estava doendo na sua cabeça berrando, ele se perguntava por que não? Sem pensar muito! Ele fez a primeira coisa que veio a sua cabeça naquele momento! Correu, correu, correu e correu para o mais longe que suas pernas pudessem o levar!

7 de maio de 2007

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS.

"As aventuras amorosas de Mr R"

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS
continuação...


E ela era linda! Cabelos curtos, pele branquinha, começando a desenhar o corpo do mulherão que viria se formar. E ela olhava pra ele e falava alguma coisa

Ah?
Passa a vassoura?
O que?
Você tem que passar a vassoura!
E seu não quiser?
Mas tem que passar, se não você nunca vai dançar comigo!
Ah ta!

R entregou sua companheira de dança para o primeiro que passou pela frente, deu pra notar a certa relutância de R, que par seria melhor para ele, não falava, não tinha pés para serem pisados e nunca ia reparar que ele estava vermelho. Mas tomado pelo espírito do leão do mágico de Oz, respirou fundo, aspirou toda a coragem que tinha no recinto e puxou ela para perto do seu corpo e de olhos fechados lembrou da irmã falando, é dois pra lá e dois pra cá.

Não tem como errar sua anta!
DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ.

Mãos dadas, corpos colados, o rosto dela no peito de R e todos os olhos voltados pro casal que dançava despreocupado pela garagem escura, risos no canto de boca, comentários abafados, acho que tudo foi armado para aquela dança.

A cada minuto a respiração ficava mais acelerada, os corações descompassados, olhos vidrados, e a boca! A boca entre aberta a centímetros do objetivo final. Corações acelerados, respiração descompassada, olhos vidrados e a boca, vermelha, pequena, entre aberta e mais próxima. Corações vidrados, olhos descompassados, pernas bambas, mãos suadas, corpos trementes, boca macia, olhos quase fechados, respiração quente, e as bocas quase se encostando. Respiração, coração, mãos, pernas, música, boca, boca, boca, boca, boca, boca e corpos roçando.

Lembra dos pelos e dos peitos?
Eles não foram às únicas coisas que surgiram com a idade.

Olhos fechados, torcida pra que a música não acabasse nunca, línguas apostas, a boca colada, o beijo anunciado e alguém resolveu acabar com a brincadeira antes da hora. R, nossa que coisa estranha ta acontecendo.

OW!
Não faz isso comigo!
Fica queto!
OW!
Se ta maluco!
Não!
Pelo amor de Deus!
Nãooo!
Respira!
Ela não vai perceber!
OW!
Não apronta isso comigo!
Ai meu Deus! Ai meu Deus!
Pensa em nada, pensa em nada, pensa em nada!
Afasta o corpo! Afasta o corpo!
Acaba música! Acaba Música!
Ela não vai perceber!
Ela não vai perceber!
Ela percebeu!
Ela percebeu!
Ela percebeu!
Continua de olho fechado!
Finge que não acontecendo nada!

Pois é, R descobriu que existem partes do seu corpo que agem de maneira própria!
continua...

6 de maio de 2007

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS

As aventuras amorosas de Mr R

1.1 OS PRIMEIROS BEIJOS

O primeiro beijo, ou poderíamos afirmar os primeiros beijos!
A grande pergunta dentro das pequenas perguntas é como falar de aventuras amorosas sem falar dos primeiros.

Como R sonhará com tal fato!
As imagens lindas cinematográficas sempre ditavam o ritmo lento da cena se repetindo, de um lado a prometida, que vinha em sua direção, devagar como se aquele segundo fosse o mais eterno do mundo, olhos extasiados, mãos suadas, boca semi aberta, e a boca sempre a boca, todo o corpo convergia pra boca, os olhos, as mãos, a boca, os ouvidos, a barriga que suava fria, a boca, as pernas trepidas, a respiração rapida e o despertador!

A idade vai ser difícil de lembrar, mas o pequeno R, lembra que férias era sinônimo de visita a sua casa da avó. Lá o mês passava voando entre as brincadeiras. Pega pega, esconde esconde, a patrulha salvadora que pulará da tela da TV direto para o clubinho, com direito a toque secreto e bugigangas a la professor Pardal. Entre um jogo de futebol e as descidas pelo barranco, entrava em ação a grupo das meninas. E tinha uma menina no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma menina. Baixinha, folgada, atrevida, mandona, nervosa e a mais linda. Éramos todos amigos e odiávamos meninas inclusive o R, que era quem mais odiava meninas, que gostavam dos meninos, e queriam descer de carrinho de rolemã, empinar pipa e fazer parte da patrulha salvadora.

O que isso?
Um pelo oras!
De onde ele veio?
Vo saber!
Quando ele veio?
Sei la!
Quando acordei ele tava ai!
Caralho que da hora!

Acho que com os pelos veio também os interesses por meninas!

Mas o clubinho, as meninas e o fato de meninos odiarem meninas!
ah deixa pra lá, elas parecem ser legais.
O que é aquilo ali na A.
Parece um peito!
Quando apareceu?
Num sei, mas eles são legais!

Agora férias na casa da avó era sinônimo de futebol, clubinho, mãe da mula, pião, papagaio, bailinho e pêra uva maça salada mista!

Sábado a noite, R colocava sua melhor camisa por dentro da calça, penteava com vontade o cabelo e caminhava para o fatídico e mortal bailinho, com suas músicas lentas em que meninas dançam proximas de meninos. Proporcionalmente 5 meninos para cada menina. Eles de um lado, elas de outro, meia luz, que só pai do M.A conseguia fazer, fitas mixadas pela C, e a vassoura dançarina correndo de um lado para o outro pelo baile.

R tinha lugar cativo no canto da parede vendo todo mundo bailar, seu olhar era sempre pra ela, que as vezes olhava pra ele. Vai la R dizia pra si mesmo, pra que ela vai te esnobar respondia, mas se você num for nem te esnobar ela vai retrucava, eu vou dizia decidido, mas depois de tomar refrigerante, ir no banheiro, falar com M.A, puxar o saco do pai do M.C, brincar com o cachorro, e voltar para o canto cativo e tomar coragem pra ir lá.
Oi!
Oi!
A vassoura começa contigo na próxima dança!
O que?
Pega a vassoura logo!

R poderia ficar todas as músicas do mundo dançando com a vassoura. Mas tinha uma menina no meio do caminho.

Continua...

1. O INICIO

"As aventuras amorosas de Mr R"

1. O Inicio.

Rapaz anormalmente comum R é o típico cara tímido, poucas palavras, observador, senso de humor abobalhado por ora inteligente e quase sempre muito cítrico. Onde estiver pessoas reunidas e falantes procure por R com certeza ele estará por lá quetinho, sendo um bom ouvinte, completando frases, fazendo alguns comentários por vezes interessantes.

Caçula de uma família de baixa renda, ela orgulha-se das conquistas que fez; a bicicleta comprada com o primeiro salário, o quarto pintado nas cores favoritas, o ingresso na faculdade, as medalhas penduradas na parede, fotos das viagens realizadas com os amigos, o computador de ultima geração.Ele é assim orgulho, por vezes falsa modéstia, contraditoriamente contraditório e metamórfico como sempre insiste em falar. Tudo misturado a um coração grande e sedento por ter suas próprias histórias ouvidas, como há dos amigos mais desavergonhados.

No lugar certo nas horas erradas, no lugar errados nas horas certas, ou nas possíveis combinações que o ditado permite, é mais ou menos assim que as coisas acontecem com R, elas simplesmente acontecem sempre o jogando do mundo dos sonhos para a realidade, onde as falas ensaiadas por horas não ajudam muito em situações verídicas e criando um leque de situações no mínimo engraçadas, que permeiam o dia a dia do nosso herói.

Suas inquietações são sempre as mesmas de um jovem de vinte e poucos anos, futuro, carreira, amigos, brigas, mulheres. Sempre as mulheres, razão de inquietação de qualquer homem, com suas curvas despretensiosas, bocas reclamantes por beijos, olhares manhosos, decotes, lingeries, vestidos, botas e sensualidade, Ah a sensualidade devem vir no DNA das mulheres.

Mas voltemos a R um rapaz anormalmente normal, que gosta de estar com amigos pra um papo e um copo de cerveja gelada, viajar e levar na bagagem só expectativas quase nunca concretas, assistir filmes e mais filmes, olhar alguns minutos a barriga no espelho e sempre prometer voltar a praticar alguma atividade física e se tornar finalmente o Don Huan Marco.

continua...