13 de junho de 2007

MADAME V

"As aventuras amorosas de Mr R"
# MADAME V.
Posso sentir o cheiro da chuva que cessou a pouco. Saltando entre uma poça e outra, sou mais um a procura de abrigo para uma noite fria. Amigos tenho poucos, nunca fui muito de relacionamentos, preferi ficar distante observando e ouvindo, talvez por isso esteja nessa profissão. Sou detetive, porém sem o glamour dos filmes de 20. Vivo me esgueirando entre maridos infiéis, becos escuros, banco de carros, lixo, muito lixo e um detalhe importante há muito não tenho clientes.

Entre os rostos cobertos por guardas chuvas, tudo pra mim é evidência menos a mais clara que todas finjo não enxergar “Eu sou um fracassado

Minha diversão garanto na noite, nas curvas suntuosas dos prostíbulos de São Paulo. O cheiro de sexo me excita e com uma mulher em meus braços me sinto um garanhão. Sinto o toque o suave dos seus lábios no meu pênis e isso me leva a loucura. Amor garantido por 30 minutos quiçá 1 hora, ou quem sabe até o próximo cliente bater a porta.
A cidade de São Paulo picadeiro da minha triste história, cresce em ritmo alucinante e o céu não é mais o limite, o próprio nome diz: “arranha céu” e a cidade a cada dia fica mais feia, mais alta e mais cinza. Os imigrantes não param de chegar, sotaques nortistas misturados a outros idiomas, ditam o ritmo frenético ao qual essa cidade cresce. Acho que ela é a única que leva o lema desse país a sério “Ordem e Progresso”. Vejo São Paulo como a maior das prostitutas, uma eterna senhora elegante, bonita e soberba com as pernas sempre abertas pronta para receber o falo de quem possa afagar sua vaidade. Descarada! Santa puta descarada!

Estou a caminho de um bar de conhecidos desconhecidos, lá a conversa e teorias de um ano 2000 quase 40 anos distantes parecem tão loucos quanto o copo de conhaque possa permitir.
Essa é a minha rotina.
8:00 horas chego em meu escritório na Av. Augusta, da janela vejo os ônibus passando, levando operários enganados pelo sonho de riqueza. Papeis velhos se amontoam em cima de uma escrivaninha num canto da sala, na parede um mapa da cidade, do outro lado uma vitrola velha com o mesmo disco de Cartola que de tão riscado já não toca mais.
As 20 deixo meu quartel general em busca dela, sempre dela, a vida noturna.
De bar em bar, de putero em putero, me permito gastar um pouco da herança deixada por um velho e querido tio, que não jaz entre nós. O Incentivador frustrado da minha curta carreira de estudante de direito , a carreira promissora que abandonei por conta da apaixonante e folclórica rotina de detetive.

Até agora não me apresentei, sou avesso a essas formalidades, quanto menos me conhecer, menos transparente fico, mas elas, sempre elas, me chamam de “R”. O porquê desse nome não sei, mas ele me confere um certo charme que não tenho. Como R posso me transportar para qualquer ser, para qualquer personalidade. Qualquer um pode ser R e por isso não reclamo por ser lembrado apenas por essa consoante.

Sem mais delongas.
Hoje seria um dia comum se não fosse por um fato.
continua...

3 comentários:

Unknown disse...

Nossa nossa essa historia está cada vez mais emocionante e excitante.....kkkkkkk...Bjs RÔ te adoro...

_Ton_ disse...

Sensacional... me fez lembrar V de Vingança, só que com o "Codinome R" leva sua vida como muitos a levam.
Abraço

Anônimo disse...

Sei que estou atrasada, mas só agora encontrei este site. Estou gostando da história e vou acompanhar. Não vi ainda as postagens mais novas pra não estragar as surpresas, mas será que tem fim? Você já postou ela toda?

Aproveita e visita a minha história também. Vê se gosta. Amanhã postarei o último capítulo.

Abraços.