27 de novembro de 2007

# MADAME V

"As aventuras amorosas de Mr R"
Madame V
Continuei ali parado, estático imóvel não acreditava que esse encontro fosse acontecer muito menos no Jóquei e não podia acreditar que V pudesse ainda me desestabilizar justo eu o homem frio, calculista, metódico, inescrupuloso, encantador de mocinhas indefesas ganharia um cruzeiro pra cada vez que ouvi essas palavras, contudo a grande verdade é que não tinha tato para sentimentalidades nunca quis me envolver e agora minha cara de criança boba denunciava que já estava completamente envolvido.

Aquele domingo com certeza foi meu dia de sorte e contrariando os populares tive “sorte no jogo e sorte no amor”.

- Hã! Já falo até em amor! Que patético!

Acertei três páreos. O primeiro apostei uma pequena quantia em um cavalo que não ganhava há tempos, porém, uma vez campeão sempre campeão e galopando como louco ouvi seus trotes tilintarem junto com as cifras que garantiriam minha noite em “Sodoma”. Meu campeão vestia o número sete, meu número da sorte e tudo indicava que ela seria minha companheira naquele dia.

Estava próximo as raias e de lá podia ver a V rindo copiosamente ao lado de algumas mulheres da sociedade paulistana, por vezes nossos olhares se cruzavam e ela fingia que eu não estava ali, isso me excitava cada vez mais, não disfarçava meu desejo era por ela a devorava com os olhos, eles a perseguiam a cada passo, a cada sorriso, a cada nova inclinação para olhar as raias.

Entre um gole e outro conversava com algumas pessoas, distribuía meu cartão de visita e tentava me aproximar dela para mais um flerte, em um desses diálogos chatos ela desapareceu, sua grande especialidade sumir sem deixar rastro. Não me restava duvida meu termino de noite só poderia ser um local, minhas pequenas que me aguardem como um bom garanhão hoje eu quero copular.

Minha vida de detetive decadente a muito deixou o glamour dos romances policiais. Dr R, Mr R, Sr R independente do título ou sigla antes das minhas iniciais teria que escolher outro rumo para minha vida. O gênero policial vai ter que ganhar contornos nas linhas que vos escrevo, mas confesso que falta ainda conflitos nessa história, algumas gotas de sangue seriam necessárias tal como meu envolvimento com a pobre e indefesa protagonista que um dia adentrou meu bagunçado e se jogou em meus braços buscando proteção, pois é a vida real não é tão empolgante como nos romances. Pensei e repensei e talvez me arrisque no mundo das comunicações, “Jornalista” quiçá, tenho primos nos Diários da cidade e uma colocação me parece fácil e até vejo uma certa similaridade com minha atual ocupação, se esgueirar pelas ruas atrás da próxima noticia e relatar detalhes sórdidos de planos passionais, contudo ainda tenho tempo para definir meus novos rumos, por enquanto minha única preocupação é deixar tudo impecável para a tarde de sexta.

(Obs - Mr R: o parágrafo acima é desnecessário)

Vinte de quatro de novembro, sexta feira, o tempo está agradável, faz um sol ligeiro, uma brisa morna sopra do leste, no céu uma nuvem sequer, da escrivaninha do meu quarto do hotel vejo uma velha árvore do outro lado da rua, suas flores enfeitam a primavera e contrastam minhas reais intenções. Preparei tudo com muito esmero, na cama centrada no quarto lençóis brancos creo yo que de cetim, não entendo nada de panos, comprei apenas por causa do brilho, encapei as almofadas com um pano vermelho escuro. Na janela cortinas franzidas de um tom pérola quebram o rústico de uma decoração feita por um homem. Mulheres nuas emolduradas na parede, exibindo suas feições que convidavam pro sexo muito mais que suas genitálias. Espalhei algumas rosas vermelhas e brancas em vasos pela casa, algumas pétalas na cama tudo copiado de um velho filme, algumas velas de tamanhos diversos queimavam e no momento certo seriam o contraluz de corpos suados. O conhaque foi substituído por um velho vinho português, gelo, balde, pegador, taças todos apostos e com certeza me ajudariam a causar uma boa impressão. A vitrola empoeirada me deu muito trabalho, mas com paciência ela se pôs a rodar um tango, único que encontrei no apartamento, contudo, creio não escolheria algo mais apropriado para a ocasião, à sensualidade trágica e sussurradas dos hermanos conduziria o ritmo cadenciado na hora do sexo.

As 18:30 sentei-me no bar do hotel esperaria pela mulher que aguçou meus cinco sentidos. Pontualmente as 19:00 ela cruzou o saguão de entrada do hotel, a luz que vinha da rua só me permitia ver seus contornos. Ela trajava um vestido longo preto até o meio das canelas com um decote discreto as costas a mostras graças à corte em V exibiam sua pele branca, clarinha, o colo ficava evidente graça a um colar com pequenas pedras pequenas e delicadas, usava seus cabelos presos com um rabo de cavalo, pouquíssima maquiagem, pude notar apenas um batom rosa discreto e um pouco de pó nas maças do rosto. Seu traje discreto nunca denunciara o adultério que estava preste a acontecer. Levantei-me fui a sua direção, tomei sua mão e a beijei docemente, trocamos apenas duas palavras e um rápido sorriso. Seu desconforto era notório. Já no quarto liguei a velha vitrola e o silêncio foi quebrado pela quase opera, o chiado misturado com a voz rouca da cantante foi acalmando meus batimentos, retirei meu paletó e desabotoei as mangas da camisa, afrouxei o nó da gravata e servi a primeira dose de vinho.

- Ao primeiro!

Ela permanecia em silêncio, observava cada detalhe do quarto, aproximou-se de um maço de rosas e tentou sentir da flor pouco perfumada, em seguida um gole curto na taça de vinho, eu a observava e sem trocar uma só palavra lhe ofereci uma rosa branca, ela a aceitou, segurei sua mão e a puxei fazendo seu corpo vir ao meu encontro, deslizei as costas da minha mão por sua face e a beijei demoradamente, meu impulso por sexo deu lugar a uma calma que jamais sonhara ter. O beijo foi lento, minha língua queria desbravar cada pedacinho daquela boca, enquanto uma das minhas mãos estava no centro das suas costas a outra percorria delicadamente seu rosto, ela brincava com seus lábios, contornava sua orelha, podia sentir as pulsações de V, o arrepio que corria seus braços, aquela mulher forte e decidida do ultimo encontro agora estava indefesa, insegura, relutante em meus braços. O beijo foi ganhando força, agora sentia suas mãos apertarem minha cintura e aos poucos ela relaxar, era a vez da sua boca descobrir a minha, parecíamos apenas um naquele momento. Minha excitação era visível e a julgar pela sua respiração ofegante ela também me desejava, rodei os calcanhares e a passos largos a conduzi até a cama, ela se deixou cair e eu deitei por cima dela sem por um momento desviar meu olhar do seu, ela se ajeitou na cabeceira e repousou a cabeça sobre as almofadas, a olhei intensamente por minutos, quase não acreditando que ela estava ali, meus olhos diziam a ela essa tarde você será minha, a beijei intensamente, minha boca agora procurava descobrir outras partes do seu corpo, beijos leves contornava seu pescoço até chegar à orelha, mordi a ponta com força e soprei lento no seu ouvido, minha língua agora fazia o caminho inverso até seu queixo...
Continua...

4 comentários:

Unknown disse...

Nossa nossa fiquei até com falta de ar...Sensacional guri...Parabéns...Bjs

Unknown disse...

nãããããão!!!!!!!!
como assim??????
parar no meio???
no meio do ato??

socorro...
ótemo, amigo!

_Ton_ disse...

Ah, Rogers... ta ficando quente a parada aí... mas como disse a amiga acima, parar no meio é sacanagem...
Abraço!

Unknown disse...

Desde que li o primeiro texto desse blog venho aqui ver as novidades e procurar saber um pouco mais quem é essa misteriosa Madame V., adorei os textos,o suspense e essa opção por acabar no meio achei sensacional.

Parabéns você escreve muito bem!!!!